Como prometido, fiquei de te contar uma história. Não é uma
história lá muito feliz e confesso que ainda me é difícil falar nisto, mas é
para isso mesmo que tu serves.
Eu, há
5 anos atrás, perdi a pessoa que me aguentava nos momentos maus, que me animava
quando estava triste, e com quem partilhei momentos que juro nunca mais
esquecer. Ela era simplesmente brilhante na sua simplicidade, bastava um olhar
para eu perceber se estava tudo bem, ou se realmente se passava alguma coisa.
Essa pessoa deixou-me da forma mais cobarde e dolorosa que existe há face da
terra. Ela suicidou-se, e cada vez que penso nisso, só consigo sentir raiva de
mim mesmo, como é que não consegui ver o que se passava? Isso revolta-me de tal
maneira, que faz com que venha a culpa. Eu devia ter percebido, eu devia ter
evitado aquilo, era simplesmente o meu dever, protege-la do que quer que fosse,
e eu não fui capaz.
Depois
do que aconteceu, eu fiquei maluco, literalmente, no primeiro ano tive num
hospital psiquiátrico, e durante esse ano todo, cada vez que fechava os olhos
via a caligrafia dela numa folha de papel rectangular amarelada que dizia apenas
‘’Perdoa-me, Amo-te’’.
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